ROBERT ALTMAN
Desde que me comecei a interessar mais a sério por Cinema, lá para os idos de 1977 ou 78, que fixei o nome de Robert Altman.
Nada conheço dos primeiros filmes, feitos nos anos 50, nem da sua obra para televisão, entre a qual se destacam dois episódios de “Hitchcock Presents” que espero ver agora que a série está a sair em DVD; e oito episódios da bem conhecida “Bonanza”.
O primeiro filme dele que vi foi “Nashville”, que me impressionou pelo seu lado de “mosaico de personagens”, com uma visão mordaz, por vezes cínica, mas nunca desprovida de carinho pelas personagens. Tive a oportunidade de o rever recentemente na Cinemateca, creio que o ano passado, e mantenho a minha opinião. De certa forma, é um filme que se inscreve no género “Americana” como “Buffallo Bill and the Indians” ou mesmo “McCabe and Mrs. Miller”se inserem no “western”; é revisionista do género, sim, mas não o renega nem o trai, ao contrário do que acontece com o chamado “anti-western” e muito do cinema americano dos anos 60.
Depois vi “A Wedding”, “A Perfect Couple”, “Three Women”, “McCabe and Mrs. Miller”,”M.A.S.H.” mais tarde “Quintet”. A ordem de visão como se vê não acompanhou muito a ordem de realização dos filmes, mas permitiu-me ter uma ideia bastante completa da obra de Altman dos anos 70. Faltam-me alguns, entre os quais “The Long Goodbye” e “Thieves Like Us” que muito quero ver. Tenho o primeiro em DVD à espera de vez.
Nos anos 80, no entanto, houve um desinteresse generalizado por Altman. A crítica começou a rotulá-lo de pretensioso, repetitivo, e a distribuição seguiu-lhe os passos, pois creio que dessa década nada dele foi por cá exibido, com excepção do atípico e ao que parece desastroso “Popeye”, que também não vi.
O grande regresso dá-se em 92 com “The Player”, novamente caindo nas boas graças de crítica e público. Não vi “Short Cuts”, mas vi o muito interessante “Kansas City”, bonita homenagem à sua cidade e ao Jazz. Vi “Prêt-à-Porter” bastante depois da sua exibição comercial, “Gosford Park” muito elogiado mas que a mim nem me parece dos seus melhores filmes, bem melhor é “The Company” que foi bastante ignorado, ainda não vi o último, “A Prairie Home Companion”.
Adeus, pois, Mr. Altman. Com altos e baixos, deixou uma obra de que se pode orgulhar e que é peça importante no cinema americano dos anos 70 até ao presente, e uma visão original e indispensável para a compreensão desse mundo peculiar que é a América.