sexta-feira, maio 25, 2007

SOBRE O ANTI-TABAGISMO

Li no jornal que o BE e o CDS são os únicos partidos que vão apresentar propostas para suavizar a nova lei anti-tabagista.

Muito me congratulo que ainda haja quem lute contra o totalitarismo do politicamente correcto, e mais me congratulo ainda que uma das forças que o faz seja de Esquerda.

Eu não fumo, e não ignoro os problemas para a saúde dos não fumadores que a total permissividade relativamente ao uso do tabaco podem trazer.

No entanto, nada justifica a paranóia persecutória que, vinda dos países anglo-saxónicos, alastrou a todo o mundo ocidental.

Em primeiro lugar, trata-se de um atentado às liberdades individuais. Com esta campanha, os fumadores começam a ser nalguns países ostracizados e vistos quase como delinquentes (creio que felizmente em Portugal ainda estamos longe dessa situação, mas por este caminho lá chegaremos).

A coisa começa mesmo a ameaçar a liberdade de expressão e de criação artística. Já há edições do Lucky Luke em que o emblemático cigarro foi apagado. Nos EUA, li estarrecido que a existência de personagens fumadoras em filmes vai ser um critério para elevar o escalão etário dos mesmos, ao lado do sexo e da violência (nunca percebi sequer como se pode colocar sexo e violência ao mesmo nível para a classificação de um filme, e agora esta do cigarro é a cereja no topo do bolo do puritanismo americano).

Portanto, adolescentes e jovens americanos e quem sabe em breve de todo o mundo, adeus Casablanca, Big Sleep, Forte Apache, Only _Angels Have Wings, Johny Guitar (“all a man really needs is a good smoke and a cup of coffee”), Now Voyager (“shall we have a cigarette on it?”); a partir de agora, estes filmes serão “restricted”; pouco faltará para passarem a ser exibidos em cinemas de nicho em zonas pouco recomendáveis, como os porno; ou então haverá algum estúdio “iluminado” que procederá à limpeza digital dos indesejáveis cigarros, e passaremos a ter versões “limpas” dos clássicos.

Em segundo lugar, é inadmissível que se ataque o tabaco esquecendo todo um conjunto de actividades industriais poluentes e muito mais nocivas para a saúde (a menos que o objectivo seja mesmo esse, distrair as pessoas de assuntos mais graves).

Que os EUA, um dos países mais poluidores do mundo e um dos que mais renitente se mostra na assinatura e cumprimento dos acordos internacionais nesse campo, seja o país onde nasce esta perseguição aos fumadores, parece-me sintomático do que digo acima.

E já agora, porque não proibir os automóveis?

Finalmente, é ridícula a pura e simples mistura que se faz entre espaços que nada têm de comum ao proibir o fumo em todos os “espaços públicos” e “recintos fechados”.

Estou de acordo com a proibição em recintos desportivos, por exemplo; mas em bares e discotecas? Quem é que sai à noite para um bar ou discoteca preocupado com os efeitos do fumo sobre a sua saúde? Quem tiver essa preocupação poderá ficar naturalmente em casa, onde só deixará entrar não fumadores e viverá feliz. Percebo o argumento de quem diz que quem trabalha nesses espaços também é afectado pelo fumo, sem culpa nenhuma; é um facto, mas há outras actividades profissionais onde também há riscos para a saúde; creio que ser mineiro ou operário da construção civil deverá ser bem pior.

Isto para já não falar nos danos para a produtividade que dalei decorrem, com as inevitáveis pausas para fumar que já estão a ser feitas por todos os fumadores nos locais de trabalho; na quebra de receitas para o Estado devido à diminuição das receitas fiscais; na ameaça aos empregos na indústria tabaqueira e nas que dela dependem.

Tudo isto, para impedir pessoas adultas de fazer algo que lhes dá prazer. Tenham juízo!

terça-feira, maio 22, 2007

BENFICA - FIM DE ESTAÇÃO

Terminou a época futebolística, ou quase, mas para nós terminou mesmo. E foi a decepção que se sabe, nem um título para amostra, pelo segundo ano consecutivo (já sei, o ano passado ganhámos a Supertaça, mas só por piada se pode considerar isso um título ao nível dos que realmente interessam).

É tempo para fazer algum balanço, e revisitar algumas coisas que já escrevi antes.

1 – O plantel

Penso que o plantel que iniciou a época era talvez demasiado numeroso, como referiu o nosso treinador, mas relativamente equilibrado e permitia algumas soluções alternativas interessantes.

No entanto, continuo sem perceber a dispensa no defeso de jogadores como Geovanni e mesmo Manduca. Será que Manu, Paulo Jorge e Marco Ferreira eram melhores? Ou foram os critérios financeiros a sobrepor-se aos desportivos?

Eu sei que é complicado para o Benfica ter jogadores muito bem pagos para serem quase sempre suplentes. Mas por vezes é a existência desses “suplentes de ouro” que pode fazer a diferença num jogo, resolver uma crise pontual. E cada vez mais são esses pormenores que decidem um campeonato, ainda por cima quando os três primeiros acabam separados por dois pontos.(Lembram-se do Bruno Moraes? Quase não jogou, mas contra nós marcou um golo que pode ter valido um título. E o Ronny do SCP? Um golo de livre na única vez que jogou deu-lhes a vitória já não sei aonde, dois pontos preciosos e o 2º lugar)

Em Janeiro acho que a situação piorou. Admito que fosse necessário emagrecer o plantel, mas as opções tomadas não foram as melhores. Mais uma vez, prevaleceu o aspecto financeiro, deixando sair Alcides, vendendo Kikin, dispensando Karyaka e Diego.

A saída de Alcides, que como sabemos cobria duas posições na defesa, e a suspensão de Nuno Assis, que até era titular, não foram cobertas, deixando a equipa com problemas de quantidade de qualidade que se vieram a confirmar com o decorrer da época, quando surgem as lesões prolongadas de Rui Costa, Luisão, Simão, Nuno Gomes.

Apenas a saída de Ricardo Rocha foi colmatada com a entrada de David Luís, mas ainda assim não sem alguma perturbação na qualidade defensiva da equipa, até porque quando David Luís entrou finalmente na equipa já foi para substituir… Luisão, que entretanto se tinha lesionado.

Kikin saiu quando terminou aquilo que foi um normal período de adaptação – não sei se estão à espera que um jogador chegue do México e se revele logo uma estrela. Derlei poderia ter sido uma boa aposta, mas infelizmente foi o que se viu. Karyaka, apesar de irregular, tem qualidade e poderia ser precioso como alternativa de banco quer para a posição 10, quer para segundo avançado, e até interior ou extremo. Sempre seria melhor que não ter ninguém, quando a equipa começou a quebrar fisicamente. E Diego parece estar a fazer uma boa época no Grémio; o que ele não é é trinco, mas mais interior, poderia ter sido o substituto ideal para Katsouranis e atenuado o penoso final de época do grego.

E há jogadores que claramente não são opção mas foram mantidos no plantel – para quê? Marco Ferreira, Beto, Pedro Correia, e mesmo Manu, Paulo Jorge, João Coimbra – teria sido necessário mantê-los a todos? Dois ou três destes seis para cobrir imprevistos teriam chegado, deixando espaço para os que acima mencionei, com maior qualidade. Só que estes são baratos - voltamos ao mesmo.


2 – O treinador

Quando Fernando Santos foi contratado, não fiquei muito feliz. É claro que entre ele e Carlos Queirós, mil vezes ele, mas mesmo assim, a sua história não era uma de grande sucesso e o benfiquismo pode atrapalhar mais do que ajudar, como se viu recentemente com Toni.

Finda a época, os resultados, ou falta deles, confirmaram os meus receios, e da maior parte dos adeptos. Mas…

Acho que FS conseguiu pôr a equipa a jogar frequentemente bom futebol. Levamos 20 jogos sem perder no campeonato, e chegámos aos quartos de final da Taça UEFA, sendo eliminados por uma equipa complicada que foi finalista vencida e não perdeu um único jogo. Só a Taça de Portugal correu efectivamente mal.

O sistema de jogo revelou-se positivo, com apenas um trinco e dois avançados, contra os dois trincos e um avançado que vinham sendo hábito. Uma equipa mais ofensiva, como há muito os adeptos vinham reclamando. Jogadores como Karagounis, Nuno Assis e até Katsouranis beneficiaram deste sistema.

Mesmo Simão, que era para sair e à partida não se encaixaria, ele que é um extremo, foi muito bem adaptado a uma posição de nº 10 volante, continuando a ser como sempre fora o playmaker da equipa mas agora mais solto, aparecendo no meio, na direita e na esquerda, e até à frente a finalizar. A transição defesa-ataque fica entregue aos outros médios, e quando nessas posições há excelentes jogadores, o esquema funciona. Viva, pois, o esquema de F Santos.

Deve F Santos continuar? Se me garantirem que a alternativa é trazer um treinador de topo mundial, um líder carismático (talvez a característica que mais falta a FS), como Eriksson, Rijkaard, Wenger, Scolari, mesmo Benitez, claro que FS deve sair. Mas se é para vir outro treinador apenas bom, dos muitos que há no mundo, mais vale que fique e prove na segunda época se o seu trabalho é válido ou não.


3 – A próxima época

Considerações para a próxima época:

- precisamos de um defesa direito que seja seguro a defender, ou até mesmo dois; Nelson está um perigo para a equipa, e talvez seja até uma hipótese que ele seja definitivamente adaptado a uma posição de médio-ala ou extremo, porque de facto já provou que defender não é o seu forte;
- o lugar de quarto central parece entregue ao recém-contratado Zoro;
- precisamos de um trinco que possa ser alternativa a Petit;
- os lugares de meio-campo, regressando Nuno Assis, parecem-me bem preenchidos, embora se houver um jogador de qualidade que possa vir, poder-se-á emprestar João Coimbra;
- no ataque, precisamos de dois ponta-de-lança, isto se se confirmarem as saídas de Miccoli (espero que não) e Derlei (espero que sim, se houver melhor alternativa).

E os jogadores que temos emprestados?

- José Fonte- não sei porque se não lhe dá a oportunidade de ser quarto central; será pior que Zoro? Então para que o fomos buscar?
- Diego – parece que está a fazer uma boa época no Grémio, mas não a trinco e sim numa posição de interior; podia ser uma alternativa a Katsouranis, como disse acima;
- Karyaka – agora que saiu, não vejo grande espaço para o regresso;
- Marcel – não sei como se está a portar no Brasil, não tenho opinião;
- Manduca – já foi vendido?
- Karadas – sempre achei o que acho; no nosso futebol, pode ser um suplente precioso para ajudar nalguns jogos; e parece que também faz o lugar de central.

Finalmente, alguns jogadores da Liga portuguesa que poderiam ser interessantes:

- Kamercziak – a sua posição é uma na qual o Benfica está bem servido, pelo que não é uma prioridade; mas tem muita qualidade e poderia preparar a previsível saída de Karagounis e Rui Costa no final da época que vem;
- Andrés Madrid - seria o trinco de que precisamos para não nos preocuparmos tanto com as ausências de Petit, que são felizmente poucas mas dão sempre dores de cabeça;
- Robert Linz e Chmiest – um deles poderia ser o tal avançado possante na área; o polaco não tem tido muitas oportunidades no Braga porque está tapado por Zé Carlos, mas sempre que jogou mostrou qualidade, mais até que o austríaco do Boavista; mas não sei de qualquer deles será melhor do que Karadas, sinceramente;
- Zé Carlos, Daddy, Edgar – um deles poderia ser, salvaguardando as devidas distâncias, o avançado móvel e rápido que substituirá Miccoli

É claro que, no que diz respeito aos avançados, nenhum destes será o “grande avançado” de que precisamos; falo neles apenas numa perspectiva realista, ou seja, os avançados realmente “grandes” custam fortunas, e para contratar barato e desconhecido se calhar mais vale apostar em jogadores portugueses ou já adaptados ao nosso futebol.

E, se possível, tentar apostar em empréstimos com opção de compra; os exemplos de jogadores que parecem excelentes nos “pequenos” e que fracassam quando chegam aos “grandes”, e nomeadamente ao enorme que somos nós, são muitos – Marcel (era o melhor avançado do campeonato), Wender (o sonho de Peseiro), João Alves (chegou a ir à selecção), Maciel, Marco Ferreira (dois jogadores muito queridos de Mourinho), Alan, Manduca, Léo Lima (estes três foram durante anos o "trio maravilha" do Marítimo), Jorginho (era o melhor nº10 do campeonato), etc, etc, etc, para citar de memória e só dos mais recentes.

E para o ano (futebolístico – no calendário são só dois meses, mas parece uma eternidade; como é triste a vida sem o SLB), para o ano, dizia, renascem todas as esperanças, como sempre.

Glorioso SLB!

sexta-feira, maio 18, 2007

ELEIÇÕES EM LISBOA - CONTINUAÇÃO

As candidaturas parecem estar definidas, com excepção da do anedótico CDS-PP.

O PS apresentou finalmente António Costa. É obviamente um excelente candidato, e provavelmente teria o meu voto se não existisse a candidatura de Helena Roseta.

Mas esta escolha parece indiciar alguma falta de opções no PS; de facto, António Costa era, depois de Sócrates, o ministro com maior peso político neste governo, e a sua saída necessariamente fragiliza o mesmo. Para além disso, o seu envolvimento na lei das finanças locais cria-lhe uma fragilidade à partida que já está a ser explorada pelos seus adversários. Devo dizer que também não gostei de o ver proclamar que a culpa da não existência de uma coligação de Esquerda era do PCP, BE e Roseta. É que tudo indica que é mentira, e eu não estava à espera de o ver mentir. O PS não queria a coligação, como não quis há dois anos; assuma-o.

Aguardo com expectativa a concretização da candidatura de Helena Roseta, e também o que vai fazer Sá Fernandes e o BE. Penso que HR fez bem ao recusar uma coligação formal com o BE, que retiraria credibilidade e espaço à candidatura. Mas penso que não deverá desprezar uma possibilidade de entendimento, que poderá passar pela integração do próprio Sá Fernandes no movimento de apoio e na lista, e com o BE a apoiar a candidatura mas sem qualquer acordo prévio e em campanha autónoma.

Acho que esta é também uma boa solução para Sá Fernandes e para o BE, já que com uma candidatura forte de Roseta o seu espaço de manobra ficará reduzido. O que o BE deveria fazer era manter a candidatura própria à Assembleia Municipal, e no caso da Câmara fazer, como digo acima, uma campanha autónoma de apoio a HR.

O PCP mantém o mesmo candidato, e neste cenário penso que faz bem. A agenda do PCP neste momento é a de um combate político em todas as frentes ao governo, e isso implica uma presença forte e autónoma nas autarquias, e portanto na mais importante de todas que é Lisboa.

Fernando Negrão tem o problema da herança de Santana e Carmona. Tem de convencer os eleitores de que tem um projecto próprio que não se confunde com o dos seus antecessores, e tal não é fácil. Nem me parece que seja atacando António Costa com argumentos que parecem saídos da campanha de João Jardim que o vai conseguir. Acho que o PSD vai ter uma derrota histórica, ao nível da que teve quando candidatou o inenarrável Macário.

O CDS/PP ainda existe? Se não arranjar um bom candidato, ainda se arrisca a ficar atrás de Manuel Monteiro.

quinta-feira, maio 10, 2007

ELEIÇÕES PARA A CÂMARA DE LISBOA

Finalmente, parece que a Câmara de Lisboa vai cair. Infelizmente, não pelas melhores razões, mas vai cair.

Marques Mendes tirou o tapete a Carmona Rodrigues não por causa da sua desastrosa prestação mas por uma razão processual que não podia deixar de invocar depois de a ter antes usado relativamente a outros autarcas do PSD. Marques Mendes não admite que se enganou, nem que a gestão PSD na CML foi um desastre. Apenas diz “é arguido, tem de sair”.

Já a posição do líder do PSD quanto à Assembleia Municipal me parece difícil de aceitar. Mais uma vez, arranjam-se argumentos de natureza processual para justificar uma posição que é antes de mais política. É um facto que a AML é um órgão independente e na AML não há nenhuma crise. Mas é evidente para qualquer pessoa com bom senso que, politicamente, uma Câmara e uma Assembleia municipais estão fortemente ligadas, e que não faz qualquer sentido eleger uma sem eleger a outra. Quando muito, poderia ser aceite que naõ se efectuassem as eleições para as freguesias, mantendo-se portanto na AML os presidentes de junta que na mesma têm assento por inerência.

Os próprios eleitores, na sua maioria pouco familiarizados com os detalhes destes órgãos autárquicos, não compreenderiam a situação. Se daqui a meses o novo executivo camarário viesse a confrontar-se com uma situação de minoria na AML, e tivesse de vir explicar aos lisboetas que não conseguia executar o seu programa por estar em minoria numa Assembleia eleita em eleições diferentes, quem entenderia e aceitaria a situação?

É claro que a culpa desta possível situação reside sobretudo na aberrante lei eleitoral autárquica, com a coexistência de dois órgãos de representação proporcional eleitos separadamente. Seria vantajoso que a Câmara, que é um órgão executivo, tivesse uma composição homogénea, sendo eleita por lista fechada; ou de forma directa, ou indirectamente pela assembleia, sendo que o segundo método permitiria coligações pós-eleitorais e facilitaria a estabilidade. Deveria haver a obrigatoriedade de Câmara e Assembleia serem eleitas em eleições simultâneas, no caso de eleição directa da Câmara; no caso de eleição indirecta, as forças concorrentes deveriam também divulgar aos eleitores o candidato a Presidente da Câmara e os candidatos a vereadores.

Voltando a Lisboa; e agora?

O PSD está em maus lençóis, porque o executivo agora demitido era maioritariamente seu. Não sei quem dentro do partido arriscará neste momento uma candidatura à partida tão fragilizada.

Uma candidatura independente de Carmona ou Fontão não me parece poder aspirar a mais do que à eventual eleição de um vereador.

O PS está prisioneiro das suas opções passadas. Há dois anos rejeitou liminarmente a possibilidade de uma coligação de Esquerda, convencido que podia ganhar sozinho. E depois a péssima escolha de candidato hipotecou as hipóteses de vitória.

Hoje o cenário político mudou, e uma coligação entre PS e PCP é impossível ,dada a situação de oposição inequívoca entre estes dois partidos a nível nacional. O BE também se deverá manter fiel a Sá Fernandes, se este se candidatar, nem que seja por razões óbvias de lealdade política.

Surge entretanto a pré-candidatura de Helena Roseta, talvez animada pelo exemplo de Manuel Alegre nas presidenciais, e certamente desanimada pela actual orientação política e até táctica do PS. É uma candidatura com boas hipóteses, e que a avançar fará mossa em todas as outras, creio. E até poderá ganhar.

Perante isto, o que pode fazer o PS? Não vejo dentro dos actuais dirigentes do parido ninguém capaz de ganhar em Lisboa. Poderão tentar uma solução de “regresso ao passado”, candidatando João Soares. Ou poderão tentar ir buscar alguém com experiência, dentro da sua área mas fora do quadro dirigente. Talvez António Mega Ferreira? Tem a experiência da Expo e do CCB, e o desejo de protagonismo sempre necessário para estas coisas. Poderia ser a resposta aos problemas do PS.

E eu, que faço? Ainda não sei. Mas se Helena Roseta avançar e o projecto e a equipa forem credíveis, terão provavelmente o meu voto.

quarta-feira, maio 09, 2007

BENFICA - AS (OUTRAS) MODALIDADES

Nas modalidades extra-futebol, o ano tem também sido decepcionante, com poucos títulos, e até agora nenhum título de campeão – falta o Futsal, pode ser que seja aqui. Como no futebol, estivemos “quase” em várias ocasiões – maldito quase…


1 – BASQUETEBOL

Foi a maior decepção. A equipa foi falhando sucessivamente os objectivos; perdeu o Torneio dos Campeões, a Taça da Liga, a Taça de Portugal. Na Liga, fomos segundos na época regular e ficámos mais uma vez pelas meias-finais no playoff, e tal como no ano passado com uma derrota em casa no quinto jogo.

É um facto que a equipa teve de lutar contra vários azares. O base Francisco Rodrigues lesionou-se com gravidade ainda no primeiro terço da época, e não mais jogou. O segundo base e capitão, António Tavares, foi suspenso por doping em Janeiro, numa triste história onde sai muito mal o nosso departamento médico. Geno Carlisle, um reforço de Janeiro que durante dois meses se mostrou um excelente jogador e encestador, lesiona-se com gravidade em Marços num treino, e não mais jogou.

Nem a boa qualidade dos reforços tardios Tyson Wheeler e Brooks Sales chegou para colmatar os desequilíbrios gerados na equipa.

No entanto, há que dizer que foi a nossa melhor época dos últimos anos. Mantendo a base da equipa para o ano, e com alguns bons reforços, podemos estar no bom caminho. Caso contrário, mais vale acabar com a modalidade, que é talvez a mais cara de todas as “de pavilhão”; se não há títulos, não vale a pena.


2 – ANDEBOL

Foi uma boa época. Ganhámos a Taça da Liga, ainda estamos na Taça de Portugal (meia-final). Na Liga, fomos segundos na época regular atrás do FC Porto, num campeonato em que os cinco primeiros acabaram quase empatados. Nos playoff, que existiu plea primeira vez este ano, chegámos às meias-finais, perdemos com o Madeira SAD, em jogos sempre de resultado equilibrado.

Para uma equipa que veio este ano do Campeonato da FPA, foi um bom desempenho. E temos o melhor treinador existente em Portugal, Alexander Donner, que foi sempre campeão em todos os clubes por onde passou.


3 – VOLEIBOL

Ganhámos a Taça de Portugal, fomos terceiros na época regular, chegámos às meias-finais dos playoff. Foi razoável.


4 – HÓQUEI EM PATINS

Na Liga, o FC Porto mostrou-se intransponível. Fomos segundos na época regular, e chegámos à final do playoff, onde passámos pela vergonha de sermos derrotados por 5-0 no terceiro jogo. Esse foi o pior momento da época.

Ficou claro que a melhor equipa portuguesa é o FCP, e que a segunda melhor é a nossa. As outras vêm depois.

Falta a Taça de Portugal, vamos ver como corre.


5 – FUTSAL

Aqui parece claro que somos a melhor equipa, mas as duas grandes competições ainda não acabaram, pelo que não há ainda títulos a festejar. Todos esperamos a vitória no Campeonato e Taça. Para já, acabámos a época regular em primeiro no campeonato, mas este ano pela primeira vez há playoff.

quarta-feira, maio 02, 2007

SÉCULO PASSADO

Comprei agora o livro de Jorge Silva Melo, “Século Passado”, que muito quero ler, neste momento já li a pequena crónica que lhe serve de prefácio.

Gosto muito do título, “Século Passado, só assim, seco, e não mais banalmente “O Século Passado” ou “No Século Passado”. A ausência de artigo dá-lhe um ar mais austero, mas mais intemporal e mais ambíguo, se calhar mais inquietante, é sobre um século que passou, mas também sobre o que no século se passou, o que nele passou pelo autor, como por ele o autor passou.

Não conheço pessoalmente Jorge Silva Melo, embora tenhamos amigos e conhecidos comuns. Mas há muito que o admiro, pelo trabalho efectuado no cinema e teatro, e sobretudo pelos muitos textos seus que fui lendo nos jornais ao longo dos anos, crónicas, críticas de cinema, outros. Creio que é parte desses textos que aqui está reunida.

Infelizmente, não tenho acompanhado como gostaria o seu trabalho no teatro, pois por falta de tempo, ou mais correctamente por outras prioridades na ocupação do tempo que tenho, não vou muito ao teatro. Acho que a última encenação sua que vi foi “A Queda do Egoísta Johann Frazer”, de Brecht, que foi há mais de dez anos, num dos teatros do Parque Mayer, não me lembro qual. Lembro-me sim que nessa altura publicou JSM uma série de textos muito interessantes sobre o que chamou o “diálogo interrompido” entre Lenine e Rosa Luxemburgo, diálogo sobre Revolução e os caminhos que seguia na União Soviética, ainda jovem revolução, quase criança, e as críticas (educativas?) que Rosa L. lhe fazia, as alternativas que apontava. Notável série de textos, creio que não estão no livro, tenho pena (a quem interessariam? quantos marxistas – “fora de prazo”, como o próprio JSM se auto-definiu num outro texto, mais recente – há ainda? a quem diz ainda alguma coisa Rosa Luxemburgo e a Revolução?).

Dos seus filmes só vi “António, um rapaz de Lisboa”; nenhum dos outros, a exibição comercial foi sempre curta ou inexistente, e sempre que passam na Cinemateca parece que ou há sempre alguma alternativa mais interessante ou urgente ao mesmo tempo, ou algo surge que me impede de ir ver. Ou preguiça, também.

Sei que ambos gostamos de cidades, de Lisboa, de Berlim, até de Milão, de que pouca gente gosta.

Mas os textos e crónicas sim, leio sempre que posso. É uma prosa sempre elegante, fascinante, por vezes poética, justa, lúcida e clara na transmissão das ideias. Sobre cinema, é dos poucos cujos textos me abrem frequentemente novas perspectivas, me ensinam a ver algo que não vi, a encontrar uma nova pista. E temos gostos próximos, Ford, Walsh, Hawks, Renoir, enfim, os mestres, quoi.

Como seria bom vê-lo um dia à frente da Cinemateca!