segunda-feira, julho 16, 2007

OS RESULTADOS EM LISBOA

A vitória de António Costa para a Câmara de Lisboa foi de certa forma decepcionante no que diz respeito aos números da mesma.

Há 2 anos, o PSD e Carmona tiveram 42% dos votos e 8 vereadores; Costa e o PS tiveram 29,5% e 6 vereadores, logo uma vitória menos expressiva e uma posição claramente mais frágil no colectivo, uma vez que ficam a 3 vereadores da maioria absoluta.

Mais; Carrilho em 2005, perdendo, fez quase o mesmo resultado, 26% e 5 vereadores. Uma subida de menos de três pontos e um vereador não é brilhante.

É um facto que o PS teve uma vantagem clara sobre o segundo classificado, de cerca de 12 pontos; mas Carmona em 2005 conseguiu um vantagem de 16 pontos. E o PS agora tem menos votos que a soma das duas candidaturas que na prática surgiram na área do PSD (a oficial e a de Carmona).

Um ponto positivo a salientar, no entanto, é a vitória do PS em todas as freguesias, para mim surpreendente sobretudo naquelas que há dois anos foram ganhas pela CDU.

Apresentar Carmona como um vencedor é um exagero; era Presidente da Câmara, eleito com 42% dos votos, e agora obtém 17%, menos de metade. É um facto que conseguiu dividir a meio o eleitorado PSD, e até ficar á frente do candidato oficial; mas isso são vitórias em guerras internas e disputas pessoais, não é uma vitória eleitoral. O facto é que menos de metade dos seus eleitores de há 2 anos continuaram a dar-lhe a sua confiança.

Curiosamente, boa parte dos votos que fugiram a Carmona e ao PSD, em conjunto, terão ido, para além obviamente da abstenção, para Helena Roseta. Matematicamente, comparando percentagens, é a leitura óbvia. Roseta por sua vez mordeu também um pouco do eleitorado BE e CDU (ambos desceram percentualmente); se tirou votos ao PS, é difícil de dizer, porque o PS subiu. Que terá tirado potenciais votos ao PS, isso parece evidente.

Quanto ao futuro, que alianças possíveis?

Há uma questão que salta à vista; ter um aliado apenas é melhor que ter dois (menos coisas a negociar) e as únicas alianças que automaticamente garantem a maioria absoluta a António Costa são ou com o PSD ou com Carmona, pelo que não será de estranhar que seja este o caminho a seguir. Também é possível uma aliança com Roseta e o BE; já com a CDU parece difícil, uma vez que esta força tem uma agenda de combate frontal ao governo e ao PS (parece mesmo a única força sem cedências nem compromissos nesse particular) e portanto nenhum dos partidos está interessado numa aliança neste momento numa câmara tão decisiva como Lisboa.

Ainda há a questão não desprezável de o PSD ainda ter maioria na Assembleia Municipal, e de parte dos seus representantes poderem ser fiéis a Carmona e não ao partido; o que complica as coisas mas parece reforçar a utilidade de uma aliança PS-PSD.

Dentro de poucas semanas já teremos com certeza sinais claros do que irá acontecer. Na prática, o que interessa mesmo é ganhar as eleições daqui a dois anos, aí sim para um mandato completo e junto com a Assembleia e Juntas de Freguesia.