quarta-feira, fevereiro 28, 2007

AINDA VALE A PENA IR AO CINEMA?

Em tempos idos, ir ao cinema era um ritual. Não vou repetir o que já foi dito e redito, escrito e reescrito por muitos outros. Era o fascínio das grandes salas, com o seu foyer, o bar, as sessões com documentários, desenhos animados, depois as “apresentações”, agora mais conhecidas por “tailers”, depois o filme, ir ao cinema era todo um programa. Ainda apanhei o fim dessa era.

Depois vieram as salas-estúdio. Aí era todo o contrário, salas pequenas, muitas vezes desconfortáveis. Mas eram salas para um público específico, um público cinéfilo militante, e que tinham uma programação alternativa à das grandes salas, fosse com sessões de cinema clássico ou com filmes de autores habitualmente fora dos circuitos comerciais. Se as grandes salas eram uma questão de rito, estas foram uma questão de .

E agora? Qual o prazer de nos enfiarmos em salas encafuadas em centros comerciais, guardadas à entrada pelas vendas de hamburgers, pipocas, coca-cola e demais produtos para-alimentares, que ainda por cima têm igualmente autorização de entrar, desde que devidamente acompanhados por espectadores-deglutidores de fast-food alimentícia e cinematográfica?

Que prazer há em partilhar uma sala com multidões que vão ao cinema por desfastio, habituadas à cultura televisiva, que se comportam na sala como se estivessem em casa, comendo, bebendo, falando alto, atendendo o telemóvel?

Que prazer há em aturar projecções medíocres, frequentemente semi-desfocadas, por vezes mesmo com problemas mais sérios (recentemente no Corte Inglês o último Socorsese começou a ser projectado sem som, foi necessário sair da sala e andar à procura do gerente; já há poucos anos me tinha acontecido, no Mystic River, a projecção começar com a lente errada; e no “Big Fish” ser projectado todo o genérico com as luzes da sala acesas; nas salas pequenas do Monumental e no Saldanha a focagem da imagem é quase sempre medíocre; o isolamento sonoro no King é péssimo, no Quarteto nem se fala; etc., etc., etc.)?

Nem rito, nem fé. A "sessão de cinema" transformou-se num objecto de consumo como muitos outros, que se frequenta a meio do dia de saldos, ou para passar o tempo antes do jantar, ou para "estar com os amigos" ou a namorada ou o namorado.

é por isso que cada vez vou menos ao cinema, excepção feita ao caso especial da Cinemateca, claro, e cada vez vejo mais filmes em casa, em DVD.

Em casa, tenho na mesma a sala escura. Escolho o momento em que quero ver os filmes, e a companhia na qual os quero ver. Tenho condições para não ser interrompido, a não ser por algum imprevisto. A qualidade de projecção desafia a da maioria das salas de Lisboa, e a de som nem se fala. Apenas falta alguma dimensão ao écran, mas apenas quando comparado com as grandes salas; no entanto, o rácio entre dimensão do écran e distância ao mesmo é em casa muito aproximado do de uma sala pequena do circuito comercial.

A magia passada do “ir ao cinema” há muito que desapareceu. Na falta da mesma, ao menos em casa tenho o sossego e o conforto que me falta cá fora.

E disfruto de um tipo diferente de magia; ir á estante, pensar o que quero ver, escolher, ler as notas da capa, eventualmente consultar alguma fonte sobre o filme, preparar a projecção. Sou espectador, programador, projeccionista, coleccionador, divulgador, estudioso. É a experiência cinéfila total.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

STAR WARS

Na sequência da excelente exposição “Star Wars” no Museu de Electricidade, revi agora toda a saga, pela ordem em que os filmes foram feitos.

Vista assim, a série ganha uma outra dimensão.

O que começou como um excelente filme de aventuras espaciais, multiplica-se inicialmente por três mas com esta primeira fase, os agora chamados capítulos IV a VI, a afirmar e sublinhar todas as características que o primeiro filme já tinha. Aventura, acção, e uma visão simplista da luta do Bem contra o Mal.

Há no entanto uma nuance; a personagem de Darth Vader, que no primeiro filme é pouco mais do que um “boneco”, vai progressivamente ganhando alguma espessura e importância, até ser central no final “The Return of the Jedi”, com a redenção da personagem e o triunfo do seu “lado bom”. Nenhuma surpresa.

A segunda série, os capítulos I-II-III que contam a história do “antes” dos acontecimentos que a primeira série narrara, é um total reverso da medalha. A luminosidade e optimismo dão lugar ao negrume e algum cinismo.

Narra-se aqui a queda de um regime republicano e democrático e a sua substituição por um império autocrático. Dentro dos necessários limites de filmes deste tipo, é no entanto uma interessante exposição sobre a natureza frágil das democracias e a sua vulnerabilidade. Expõem-se os intermináveis jogos de poder, as alianças que se fazem e desfazem ao sabor da conveniência, o medo da insegurança e da incerteza, e como um indivíduo mais hábil que os seus opositores destrói o regime democrático por dentro, tomando, como Hitler, o poder pelas vias democráticas para criar progressivamente as condições que levam à sua proclamação em Imperador pelo próprio Senado democraticamente eleito. Há mérito na forma como tudo isto é dado sem sair do cânone do filme de aventuras.

Toda a saga se realinha aqui em torno de Annakyn Skywalker, o futuro Darth Vader. No capítulo I é ainda criança, no final do III transforma-se na figura iconográfica de Darth Vader. A personagem que começara como um nada transforma-se aqui na mais complexa de todas. A sua progressiva derrapagem para o “dark side of the Force” é credível, condicionada pela sua própria personalidade egocêntrica, pela história de amor que vive com Padmé, pela progressiva perca de confiança nos Jedi, pela influência e pressão que sob ele exerce o futuro Imperador. Tudo se conjuga para o arrastar e para o perder, tornando-o uma personagem quase-shakespeariana inserida nesta “space opera”.

Os conflitos nesta segunda série são aqui mais e mais complexos que a simples”luta entre o Bem e o Mal” da primeira. Tudo começa com o conflito entre a República e uma rebelião separatista, que se sabe mais tarde ter sido instigada pelo futuro Imperador. Mas dentro das fileiras da própria República os conflitos sucedem-se, enfraquecendo-a e abrindo caminho para a tentação totalitária; há o conflito entre o primeiro Chanceler e o Senado, que acaba com a destituição do primeiro; entre adeptos da guerra com os separatistas e da via diplomática;; entre Annakyn Skywalker e o seu Mestre.

Mas o conflito central é o que opõe o Senado ao Conselho Jedi. De um lado, um órgão representativo democraticamente eleito mas doente de corrupção e intriga; do outro, um conselho de elementos supostamente puros e defensores da República, mas que de facto se auto-escolhem e não têm qualquer legitimidade democrática.

Sendo essencialmente uma grande saga de aventuras espaciais, “Star Wars”, visto no seu conjunto, ganha um dimensão épica que a distancia de todos os outros filmes do género.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

PEQUENA ANÁLISE GEOGRÁFICA DOS RESULTADOS

Depois da necessária vitória de ontem, deixo aqui alguns dados curiosos resultantes de uma curta análise por distritos e concelhos.

1 – Distrito de Lisboa

Começo por aqui por ser o meu distrito. O SIM teve aqui um resultado bem mais alto que o resultado nacional (71,5%), com uma abstenção mais baixa (51,3%). Mas o meu concelho, o de Lisboa, embora acima do resultado nacional, ficou abaixo do resultado distrital (67,50%), o que para mim foi uma decepção. Dentro do distrito, Lisboa ficou abaixo de Cascais(!), Oeiras, Sintra, entre outros.

Neste distrito, o SIM ganhou em todos os concelhos, sendo o melhor resultado em Vila Franca de Xira (79,86%) e o pior na Lourinhã (50,48%, quase um empate).

2 – Distrito do Porto

O principal distrito dos três que mudaram o sentido de voto desde 98, todos eles no sentido do SIM (os outros são Leiria e Castelo Branco).

Ganhou o SIM (54,4%), com o concelho do Porto bem acima do distrito e até acima do resultado nacional (61,91%). Matosinhos foi o melhor concelho para o SIM (67,67%), que obteve também, para mim surpreendentemente, resultados acima do nacional em Gondomar, Maia e Vila Nova de Gaia - três concelhos onde aliás o SIM já tinha ganho em 98.

Dos 18 concelhos, o NÃO ganhou 11, com o melhor resultado em Paços de Ferreira (71,14%).

Este é aliás o único distrito onde o vencedor não ganhou a maioria dos concelhos - tendo necessariamente ganho os mais populosos, ou seja, aqueles onde estão as grandes urbes.

3 – Distrito de Aveiro

Vitória do NÃO (55,4%), mas o SIM vence no concelho de Aveiro (53,93%), para além de outros importantes, como Espinho. O melhor do SIM foi a Mealhada (71,92%). Vitória do SIM apenas em 7 dos 19 concelhos. Arouca, com 77%, é o melhor NÃO do concelho e um três dos melhores do continente.

4 – Distrito de Beja

Nada a dizer, vitória esmagadora (83,9%). O pior concelho foi Barrancos (68,26%), ainda assim bem acima do resultado nacional. Aqui mora o melhor concelho a nível nacional, Aljustrel, com 90%.

5 – Distrito de Braga

Vitória esperada do NÃO (58,8%), que se repete no concelho da capital (52,02%), o que para mim é uma decepção. Esperava mais da cidade. O SIM perdeu em todo o lado, sendo que ainda assim Braga, Fafe, Famalicão, Guimarães e Vizela ficaram acima dos 45%, ou seja, melhor que o distrito. Melhor NÃO, Vila Verde, com 75%.

6 – Distrito de Bragança

Vitória esperada do NÃO (59,0%), em todos os concelhos. Melhor resultado para o SIM em Bragança e Freixo de Espada à Cinta, ambos com cerca de 47%.

8- Distrito de Castelo Branco

Vitória saborosa do SIM neste distrito tão interior e tão perto já da zona maioritária do NÃO, com um resultado mesmo superior ao nacional – 61,6%. EM 98, o NÃO tinha ganho!

O melhor concelho foi Vila Velha de Ródão (78,15%), e resultados ainda acima do distrito nos três principais concelhos – Castelo Branco, Covilhã, Fundão (onde o NÃO ganhara em 98). 7 dos 11 concelhos votaram SIM. O melhor NÃO foi Vila de Rei (70,13%).

É um distrito com disparidades curiosas entre concelhos, já que em 3 dos 4 distritos que venceu, o NÃO teve mais de 60%, quando o resultado distrital foi de 38%. E só dois concelhos tiveram resultados divididos, Penamacor (53% SIM) e Sertã (53% NÃO).


9 - Distrito de Coimbra

SIM com 63%, melhor que o resultado nacional. Melhor SIM na Figueira da Foz (75%), a capital com 66,83%. O NÃO só venceu em 4 concelhos dos 16.

10 – Distrito de Évora

Nada a assinalar, SIM com78%, vitórias em todos os concelhos, o pior(!) foi Reguengos de Monsaraz com…71%.

11 – Distrito de Faro

SIM com 73%, a capital com 75%, vitória em todos os concelhos que só tremeu em Monchique (51%) – único, aliás, onde o NÃO vencera em 98.

12 – Distrito da Guarda

O NÃO ganhou com 53%, mas longe dos 70% de 98. E o SIM conseguiu 4 concelhos (nenhum em 98), entre os quais a capital (54%).

13 – Distrito de Leiria

Mais um SIM que em 98 foi NÃO. Agora, resultado quase igual ao nacional (58,3%), incluindo a capital (55%), onde o NÃO ganhara também em 98. Aqui há concelhos esmagadoramente SIM – Marinha Grande 83%, Nazaré 74% - e um bastante NÃO – Alvaiázere, 64%. Mas o SIM ganhou em 12 dos 16 concelhos, contra 6 em 98.


14 – Distrito de Portalegre

Sem história, SIM com 74,5%, o pior concelho foi Elvas com 68%.

15 – Distrito de Santarém

Vitória do SIM com 65%, a capital teve 69%. O NÃO ainda ganhou 2 concelhos, tendo 65% em Ourém, claro, onde está Fátima, em contra-ciclo com o resto do distrito.

16 - Distrito de Setúbal

SIM com 82%, neste que é o concelho SIM com distribuição mais uniforme – todos os concelhos entre os 79,6% de Sesimbra e Almada e os 89,4% de Grândola.

17 – Distrito de Viana do Castelo

Venceu esperadamente o NÃO com 59,6%, incluindo a capital (54%). O SIM só ganha em Caminha, com 54%. Ainda assim, consegue resultados acima dos 44%, acima portanto do distrito, em mais 5 concelhos, de um total de 10.

Ponte de Lima, com 77,3%, teve um dos três melhores resultados do NÃO num concelho do continente.

18 – Distrito de Vila Real

Vitória do NÃO com 62%, 57% na capital. O SIM não venceu um único concelho, e o melhor resultado foi em Peso da Régua, com 46%.

19 – Distrito de Viseu

NÃO com 61,5%, 58% na capital. Mas, ao contrário de Vila Real e Bragança, aqui o SIM vence em dois concelhos – Mortágua, e logo com 61%, em contra-ciclo com todo o distrito, e onde já tinha vencido tangencialmente em 98; e ainda, imagine-se, em Santa Comba Dão, com 51%.

Aqui mora outro dos três melhores concelhos do NÃO no continente, Vila Nova de Paiva.

20 – Açores e Madeira

Vivem de facto noutro mundo. O NÃO tem 69% nos Açores, que tem maioria PS, imagine-se; e 65% na Madeira. Apenas uma vitória concelhia do SIM, e tangencial; Vila do Porto, nos Açores (nem sei em que ilha), com 51% (quantos votantes terá?). Nas duas capitais regionais, 34% em Ponta Delgada, e uns apesar de tudo razoáveis 45% no Funchal.

O NÃO tem aqui os melhores concelhos a nível nacional; Vila Franca do Campo, nos Açores, com 83,8%, e Ponta do Sol, na Madeira, com 83,3%. E ainda mais 2 concelhos nos Açores e 4 na Madeira acima dos 80%, num total de 8 concelhos, quando os melhores resultados no continente foram de 77%. E ainda mais 6 concelhos acima dos 70%. Ou seja, dos 30 concelhos das duas regiões, 14, quase metade, acima dos 70%. Nada a fazer.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

SOBRE O REFERENDO

Quando escrevi a minha nota anterior sobre o referendo que se aproxima, disse tudo o que tinha para dizer sobre o tema e decidi não voltar ao mesmo. Quebro hoje essa resolução, ou talvez não.

É que de facto o que vou fazer agora não é voltar aos argumentos sobre a necessidade imperiosa de votar “Sim”, mas uma declaração de revolta, rejeição e até repugnância pela campanha feita pelos partidários do “Não” e pelos argumentos pelos mesmos apresentados.

É certo que o "Sim" deu o flanco. Quando alguns defensores do “Sim” vieram a público com o argumento de que “o que está em causa é se as mulheres que abortam devem ser presas”, o disparate estava feito. Porque o que está em causa é também isso, mas não é exclusivamente isso, e se calhar nem mesmo principalmente isso. O que está efectivamente em causa é a possibilidade de abortar por decisão própria num estabelecimento de saúde autorizado, em condições de higiene e segurança, com respeito pelo anonimato e dignidade de todas as pessoas envolvidas. Tal como, sem hipocrisias, está perfeitamente explícito na pergunta do referendo.

A argumentação infeliz acima exposta deu trunfos inesperados ao “Não”. Que imediatamente colocou em cima da mesa duas respostas óbvias:

1 – as mulheres continuam a ser presas se abortarem após as dez semanas
2 – pode-se despenalizar as mulheres sem liberalizar o aborto

Este segundo argumento, então, transformou-se no novo cavalo de batalha. De repente, “toda a gente” acha que as mulheres não devem ser julgadas e condenadas. E que, portanto, todos deveremos estar de acordo em votar “Não” e depois alterar a lei apenas para despenalizar as mulheres.

É isto que me põe furioso. A insolência e desplante desta falácia são inacreditáveis. Eu pergunto:

- Se assim é, porque é que só agora se lembraram disso? Onde andaram todos estes anos? Que é feito da panóplia de boas intenções que já tinham anunciado em 98? Só têm ideias quando há referendos?

- Será que se dão conta da suprema hipocrisia deste argumento? Quer dizer, as mulheres deverão continuar a abortar clandestinamente, em condições deploráveis, com risco da própria vida. Tudo isso está bem. Só é preciso que não sejam presas.

Uma senhora de nome Graça Franco escreve hoje um artigo inacreditável no “Público”. A coisa toca as raias do delírio. Escreve ela, a dado passo, com direito a destaque:

“O que eu exigiria a um dirigente comunista era a defesa do direito de todas as mulheres trabalhadoras a não serem despedidas quando engravidam, a serem reintegradas depois da gravidez e a disporem de creches gratuitas, horários de trabalho compatíveis, salários justos”.

Pasmo! A senhora por acaso terá chegado agora de Marte? É um argumento que só se explica por estupidez ou má-fé. É óbvio que o que diz é desejável, mas terá por acaso a ilusão de que isso se consegue, no actual contexto, de um momento para o outro? E ignorará ela que a Esquerda em geral sempre se bateu por isso, entre outras coisas, e se não o conseguiu foi porque as forças que se lhe opuseram têm sido mais fortes? As mesmas forças, aliás, na sua maioria, que agora se batem pelo “Não”.

A lata da senhora continua: “a tudo isso eu voto SIM””, diz ela. Muito gostaria de saber em quem tem votado habitualmente. Pura e inacreditável demagogia.

No final do artigo, o retomar do argumento da despenalização: “E dado que o professor (Marcelo Rebelo de Sousa) já juntou um número de penalistas suficientes para resolver essa questão da ameaça da cadeia, pode (…) tranquilamente votar Não”.

Extraordinário. Está tudo bem, no melhor dos mundos. O Professor já tem a solução. Aleluia!

Mais adiante, numa pequena local, declarações de Roberto Carneiro: “A seguir virá a eutanásia e o casamento entre homossexuais. É bom que estejamos preparados para morrermos como Jesus Cristo na cruz.”

Aqui, a coisa começa a atingir o grau de paranóia. Embora Roberto Carneiro tenha pelo menos a honestidade de assumir que para ele a questão é ampla e essencialmente ideológica. Vê a questão como um combate entre uma visão do mundo católica conservadora, e aqueles que se opõem a que essa visão seja imposta a todos, partilhem dela ou não. Nisso estamos de acordo.

Não consigo de deixar de pensar que estas pessoas são perigosas. Não pelas suas ideias, mas por duas coisas.

A primeira, é que pretendem impor as suas ideias aos outros, contra a opção de liberdade que é deixar que cada um decida em algo de tão íntimo que só o simples facto de haver a possibilidade de interferência do Estado ou terceiros já arrepia.

A segunda, é porque me deixam sempre a impressão de falsidade e hipocrisia. Em vez de assumirem que são contra a liberalização da IVG por razões ideológicas, inventam inacreditáveis argumentos para justificar a sua opção. Argumentos nos quais nem eles mesmo provavelmente acreditam.

Que os deuses que ainda andem por aí nos protejam desta gente.