sexta-feira, dezembro 28, 2007

A "Byblos"

Consegui hoje finalmente ir à “Byblos”, a nova mega-livraria.

Dos artigos e entrevistas com o proprietário que li, estava à espera de encontrar algo que fosse a partir de agora a “livraria de referência” em Lisboa, aquela onde se vai quando é preciso “mesmo” encontrar um determinado livro. Do que vi, está longe de ser assim.

Comecemos pelo espaço, que é de facto impressionante. Amplo, bem iluminado, aberto para a rua tanto quanto possível (sobretudo no 1º andar), bons escaparates. Parece uma boa livraria de Londres, por exemplo, dessas modernas das grandes cadeias de que nunca me lembro o nome.

À entrada, uma citação: “O paraíso deve ser uma espécie de livraria” – Jorge Luís Borges. É bonito, mas creio que impreciso. Sempre que li esta frase antes era com a palavra “biblioteca”, e não “livraria”, o que não é bem a mesma coisa.

Circulo pelas várias secções do r/c. Secção de BD razoável, mas quase só edição portuguesa e ainda assim faltam as recentes edições de clássicos – Príncipe Valente e Tarzan.

É diminuta a secção de literatura em língua estrangeira, maioritariamente em inglês e quase só livros de bolso. Nada das mais sonantes novidades editoriais recentes francesas ou inglesas, nada que nos dispense de ir à FNAC, ou à Amazon. Só na secção policial encontramos muitos livros em inglês.

Chego à Poesia. Leva-se alguns segundos a perceber que está dividida em “portuguesa2 e “estrangeira”, sendo que a primeira acaba abruptamente a meio de uma prateleira e imediatamente começa a segunda. Começo a procurar ma secção portuguesa – Herberto Hélder? Nada. Não quero acreditar. Procuro melhor. Não, não há. O’Neill também não. Fiama há um título mas não há a recente edição “Poesia Breve”. Quase nada de Rui Cinatti. Desiludido, subo ao primeiro andar.

Vou à secção de História, onde a arrumação também não é evidente. Encontro uma prateleira marcada “História do Séc. XX”, procuro Eric Hobsbaum – não há. Secção de Política, Hanna Arendt – só um título, quando é fácil encontrar vários outros noutras livrarias de Lisboa.

É boa a secção de Arte e Arquitectura, sobretudo na vertente de “álbuns” mas também se encontram ensaios. Não encontro a recente edição de vários ensaios de Barthes, mas pode estar noutro sítio, onde será?

Há terminais de informação ao cliente, muitos, bem espalhados pela sala. Eu, preguiçoso, não os uso, mas é claramente uma boa ideia.

Há várias secções maiores do que nas livrarias generalistas de Religião, Direito, Informática, outros que me esqueci, o que é também um motivo de aplauso.

Do outro lado da sala, uma secção de CDs, com uma boa escolha de Pop/Rock, também Jazz, pouca Clássica. Há também DVDs,uma secção pequena, com ênfase nos chamados “clássicos” e no chamado “cinema de autor”. E há ainda uma secção de jogos para PC e consolas, de cuja qualidade não posso aquilatar por ser tema que desconheço.

Finalmente, uma cantina, o que é uma óptima ideia. Estava sozinho e por lá almocei, come-se razoavelmente para uma cantina e é barato.

Que impressão final ficou?

Excelente espaço, muito boa escolha de títulos nalgumas áreas, que não se limita às edições do ano. Muito insuficiente em edições não portuguesas, com excepção dos habituais “álbuns” de diversos temas, onde a escolha é boa.

Mas a anunciada grande disponibilidade “fundos de catálogo” não existe – a menos que se considere com tal edições com 2/3 anos.

Ou seja, temos aqui uma muito boa livraria, que visitarei muitas vezes, mas não uma referência que dispense a visita a outras muito boas livrarias de Lisboa – FNAC, Almedina, Bulhosa, Buccholz, Ler Devagar (incluindo a da Cinemateca, que é a melhor de Lisboa sobre Cinema).